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Carrego comigo o fardo do terrível. Daquela coisa incompleta, daquele sentimento inconcebível à muitos, carga de dores e temeridade, como um cão que foi acuado e está prestes a ser espancado, humilhado e abandonado. Carrego as dores do mundo, o espaço infinito de sensações grotescas e sentimentos imperfeitos. Como aquela coisa que se vê em um déjà vu apenas. Sobra-me a sombra de uma coisa da qual não sei explicar, essa sombra da qual me diz e que não consigo decifrar, por não conseguir obter o máximo do espaço e do tempo limitado ao meu ser. Carrego apenas a triste constatação de que haveria sim alguma coisa, coisa que estarei sempre fadado a não conhecer, nem tão pouco experienciar, tal qual um peixe dentro d’água, que um dia pensou que estava vivendo como seres rastejantes.
AUTOR:JB

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O coração, se pudesse pensar, pararia... Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero. Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será ...
Discussões inúteis, intermináveis, agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um tsunami infinito de informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada. Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá, parece que o mundo está mergulhado na burrice. Você já teve essa sensação? Talvez não seja só uma sensação. Estudos realizados com dezenas de milhares de pessoas, em vários países, revelam algo inédito e assustador: aparentemente, a inteligência humana começou a cair. Leia mais em: https://super.abril.com.br/especiais/a-era-da-burrice/ 
  Quando ando no meio de outras pessoas não me sinto bem. O que elas falam e o entusiasmo que demonstram nada têm a ver comigo. O mais curioso é que é justamente quando estou na companhia delas que me sinto mais forte. Me vem a ideia seguinte: se podem existir só com esses fragmentos de coisas, então eu também posso. Mas é quando estou sozinho e todas as comparações se reduzem a mim mesmo contra as paredes, contra a minha própria respiração, contra a história, contra o meu fim, que começam a ocorrer coisas estranhas. Sou evidentemente um sujeito fraco. Experimentei ler a bíblia, os filósofos, os poetas, mas pra mim, de certo modo, erraram de alvo. Ficam falando de uma coisa completamente diversa. Por isso há muito tempo desisti de ler. Encontro um pouco de conforto na bebida, no jogo e no sexo e dessa forma me assemelho bastante a qualquer membro da comunidade, da cidade e do país; a única diferença é que não tenho o menor interesse em “vencer”, constituir família, ter casa própri...