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Mostrando postagens de 2010

Reflexões sobre o homem

O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado atual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (exceto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a idéia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada. A única coisa superior que o homem pode conseguir é um disfarce do instinto, ou seja o domínio do instinto por meio de instinto reputado superior. Esse instinto é o instinto estético. Toda a verdadeira política e toda a verdadeira vida social superior é uma simples que

Salvar o Planeta

Mudar os hábitos para tentar salvar o planeta é “uma bobagem”, na opinião de um dos mais conceituados especialistas em meio ambiente no mundo, o britânico James Lovelock, para quem a Terra, se for salva, será salva por ela mesma. “Tentar salvar o planeta é bobagem, porque não podemos fazer isso. Se for salva, a Terra vai se salvar sozinha, que é o que sempre fez. A coisa mais sensível a se fazer é aproveitar a vida enquanto podemos”, afirmou Lovelock em entrevista à BBC. O cientista de 90 anos é autor da Teoria de Gaia, que considera o planeta como um superorganismo, no qual todas as reações químicas, físicas e biológicas estão interligadas e não podem ser analisadas separadamente. Considerado um dos “mentores” do movimento ambientalista em todo o mundo a partir dos anos 1970, Lovelock é também autor de ideias polêmicas como a defesa do uso da energia nuclear como forma de restringir as emissões de carbono na atmosfera e combater as mudanças climáticas. Gatilho Para Lovelock, a humanid
“Há pessoas para quem as melhores coisas não funcionam. Elas podem estar vestidas com uma roupa de caxemira, que terão sempre a aparência de mendigos; podem ser ricas, mas serão endividadas; ser grandes, mas nulidades no basquete. Eu hoje me dou conta de que pertenço à espécie das que não conseguem beneficiar-se das suas vantagens, aquelas para quem tais vantagens chegam a ser inconvenientes. [...]A inteligência é um erro da evolução. No tempo dos primeiros homens pré-históricos, posso imaginar perfeitamente bem, no seio de uma pequena tribo, todos os meninos correndo no mato, perseguindo os lagartos, colhendo bagas para o jantar; e pouco a pouco, em contato com adultos, aprendendo a ser homens e mulheres completos: caçadores, coletores, pescadores, curtidores... Mas, olhando mais atentamente a vida desta tribo, percebe-se que algumas crianças não participam das atividades do grupo: elas permanecem perto do fogo, protegidas no interior da caverna. Elas jamais saberiam se defender dos t
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com homens e mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todos com profissão, marido, esposa, filhos, saúde, e ainda assim trazem dentro deles um não-sei-o-quê perturbador, algo que os incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento" . Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligado na grama do vizinho. As festas em outros apartamentos sã
Existem dias em que o regresso à vida é penoso e aflitivo. Deixamos o domínio do sono contra a vontade. Nada aconteceu, exceto a percepção de que a realidade mais profunda e mais verdadeira pertence ao mundo do inconsciente. Assim, certa manhã abri os olhos involuntariamente, lutando freneticamente para recair naquela condição de felicidade em que o sonho me havia envolvido. Fiquei tão magoado ao me encontrar acordado que cheguei à beira das lágrimas. Fechei os olhos e tentei mergulhar de novo no mundo em que havia sido tão cruelmente expulso. Foi inútil. Tentei todo artifício que conhecia, mas fui tão incapaz na realização do truque como alguém que tentasse interromper uma bala no ar e devolvê-la ao tambor vazio de um revólver. O que ficou, porém, foi a aura do sonho; nela eu me demorei com volúpia. Alguma filidade profunda havia sido preenchida, mas antes que eu tivesse tempo de ler o seu significado, passavam uma esponja na lousa e eu era expulso, lançado num mundo cuja solução para