Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2009
Hoje eu evito qualquer coisa que possa me tirar do estado de equilibrio, qualquer coisa que possa me tira do sério, qualquer coisa que possa corromper minha paciência, que possa turvar minha visão e minha contemplação pura e ingênua. Eu evito e fujo como o diabo foge da cruz, de qualquer coisa que possa transformar meu mundinho misantrópico em coisa parecido com o que chamam de agrupamentos. Por isso mesmo eu não gosto de automoveis, dirigir me deixa estressado, me faz ficar angustiado, com raiva, muitas vezes impaciênte. Por isso mesmo eu não gosto de multidão, do alvoroço, da balbúrdia ou qualquer coisa que pareça com uma agremiação desnecessária. É por isso que evito pessoas agitadas demais no seu dia-a-dia, preocupadas demais com qualquer tolice, seja dinheiro, saúde ou emprego, que sejam angustiadas demais com eventos que não são o esperado ou que não foi igual aos seus desejos. Por isso mesmo eu não gosto dos bajuladores de plantão, dos cordeirinhos de carteirinha que seguem qual
Summer 77 Atarantado pelos automóveis, meus olhos são varados pelo neon, degusto minhas doses de cinismo nos balcões molhados pelo vácuo. As mariconas fustigam meu corpo com olhares sórdidos, cada olhar fere fundo e cria crostas que se endurecem: até a noite acabar esses olhoares superpostos me tornaram imune. Avenida São Luíz e seus anjos turvos, supermaketing de pupilas frenéticas, sob as árvores o poder acaricia e intumesce caralhos languidos. Há pelos corpos em fila uma náusea imprecisa, eu vejo uma sinfonia de cusparadas e aprendo acordes sombrios com os quais devo ornar minhas pernas metidas num blue jeans rasgado. Meu camarada uns passos à frente negocia sua boca de estátua grega perfumada por conhaque e bafoardas com um pederasta untuoso que pilota uma reluzente máquina. Nos viemos do subúrbio numa progressão eufórica, beb emos várias cachaças & nossos corações acossados pela média preferem a autocorrosão, mas é assim que a cidade nos gosta. Eu vejo funcionarios públicos l
Hoje sinto orgulho de dizer que sou inumano, que não pertenço a homens e governos, que nada tenho a ver com a maquinaria rangente da humanidade - eu pertenço à terra! [...] Lado a lado com a espécie humana corre outra raça de seres, os inumanos, a raça de artistas que, inicitados por desconhecidos impulsos, tomam a massa sem vida da humanidade e, pela febre e pelo fermento com que a impregnam, transforma a massa úmida em pão, e pão em vinho, e o vinho em canção. Do composto morto e da escória inerte criam uma canção que contagia. Vejo esta outra raça de indivíduos esquadrinhando o universo, virando tudo de cabeça para baixo, e os pés sempre se movendo em sangue e lágrima, as mãos sempre vazias, sempre se estendendo na tentativa de agarrar o além, o deus inatingível: matando tudo ao seu alcance a fim de acalmar o monstro que lhe corroi as entranhas [...] E tudo quando fique aquém desse aterrorizador espetáculo, tudo quanto seja menos sobressaltante, menos terrificante, menos louco, men
" A roda gira mas o hamster está morto!" . Final de ano e os grandes centros, onde estão as grandes lojas e shopping center parecem um formigueiro humano. São as festas, as comemorações, as confraternizações, os votos de felicidades e prosperidade que parece acender alguma coisa que chamam de espírito natalino, ou sei lá o quê? Final de ano e a única coisa que sinto é o que sinto o ano inteiro, um asco diante das festas, onde nunca estou entregue totalmente, nunca estou livre, estou sempre travado, como se não pertencesse a isso tudo, ou ainda, que nada disso eu fizesse parte. Eu só queria mesmo é está em meu antro que eu mesmo criei, observando apenas, como um preguiçoso telespectador deitado no sofá, entendiado com a programação que só lhe causa sonolência. Final de ano e minha caixa de email está abarrotada de mensagens singelas dos colegas, da mensagens pretenciosas do comercio e suas planfetagens, das mensagens dos meus chefes esdrúxulos. Eu já estava de saco cheio diant
Todas as vezes em que chego no meu emprego eu penso - o que é que eu estou fazendo aqui? - não é questão de trabalhar em ambiente insalubre, longe disso, também não diz respeito ao colegas, ou os que estão em minha volta, a questão é simplesmente que estou fazendo o que todos fazem, diante disso tudo que nos foi imposto e nos foi colocado goela abaixo, obrigando uns cem números de pessoas a ficarem como todo mundo, correndo atrás do próprio rabo como um cão danado, buscando ganhar mais para consumir mais, produzir para precisar sempre e cada vez mais ficamos com o pesadelo diário de que nada é necessariamente suficiente para nos. Agora buscamos relacionamento onde o outro precisa ter, antes de tudo, antes do tesão, antes do amor, antes da afinidade, uma boa conta bancária, ou pelo menos com uma boa perspectiva dela, isso é que fala mais alto, agora queremos os empregos que pagam mais, não tem mais nada haver com talento ou vocação, que isso vá as favas. Educamos nossos filhos para ser
Eu tenho medo e medo está por fora, o medo anda por dentro do meu coração. Eu tenho medo de que chegue a hora em que eu precise entrar no avião. Eu tenho medo de abrir a porta que dá pro sertão da minha solidão, apertar o botão: cidade morta, placa torta indicando a contramão. Faca de ponta e meu punhal que corta e o fantasma escondido no porão. Medo, medo. Medo, medo, medo, medo. Eu tenho medo de Belo Horizonte eu tenho medo de Minas Gerais. Eu tenho medo que Natal Vitória eu tenho medo Goiânia Goiás. Eu tenho medo Belém do Pará eu tenho medo Pai, Filho, Espírito Santo São Paulo. Eu tenho medo eu tenho C eu digo A eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife. Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá eu tenho medo estrela do norte, paixão, morte é certeza. Medo Fortaleza, medo Ceará. Medo, medo. Medo, medo, medo, medo. Eu tenho medo e já aconteceu eu tenho medo e inda está por vir. Morre o meu medo e isto não é segredo eu mando buscar outro lá no Piauí Medo, o meu boi morreu, o que ser
Carrego comigo o fardo do terrível. Daquela coisa incompleta, daquele sentimento inconcebível à muitos, carga de dores e temeridade, como um cão que foi acuado e está prestes a ser espancado, humilhado e abandonado. Carrego as dores do mundo, o espaço infinito de sensações grotescas e sentimentos imperfeitos. Como aquela coisa que se vê em um déjà vu apenas. Sobra-me a sombra de uma coisa da qual não sei explicar, essa sombra da qual me diz e que não consigo decifrar, por não conseguir obter o máximo do espaço e do tempo limitado ao meu ser. Carrego apenas a triste constatação de que haveria sim alguma coisa, coisa que estarei sempre fadado a não conhecer, nem tão pouco experienciar, tal qual um peixe dentro d’água, que um dia pensou que estava vivendo como seres rastejantes. AUTOR:JB
Decepção, grande decepção esses ídolos de papel de uma geração fútil, insignificante, leviana, efémera e volúvel. Eles simplesmente não fazem nada de novo, nada de diferente a não ser conservar seus feitos em busca do dinheiro que ajuda ao seu consumismo barato. Foi decepcionante o episodio do sumiço de Belchior, maior ainda foi ser encontrado. Decepcionante é esses políticos da capital do Brasil, decepcionante são esses romances de novela, decepcionante são essas mulheres, são os homens, são os ideais que eles se apegam, e como se apegam a tão decepcionante história. Decepcionante é essa vontade que alguns tem de viver um "final de novela" que não existe! É bucólico, quase regurgitante vê e sentir isso tudo. É decepcionante saber que o homem continua sendo a mesma coisa, tendo os mesmos desejos, os mesmos sentimentos, as mesmas atitudes que se esperaria de qualquer macaco bobo com roupas. Mas cobre com um véu à esses incautos de espírito de porco, esses ineptos em atividade,
Eu fecho meus olhos, apenas por um momento e o momento desaparece. Todos os meus sonhos passam na frente dos meus olhos em curiosidade. Poeira no vento Tudo o que eles são é poeira no vento. A mesma velha música Apenas uma gota de água num mar sem fim. Tudo o que nós fazemos despedaça-se no chão embora nos recusemos a enxergar. Poeira no vento Tudo o que nós somos é poeira no vento. Não se segure, nada dura para sempre a não ser a terra e o céu Deslizam para fora e todo o seu dinheiro não vai comprar mais um minuto Poeira no vento, tudo o que somos é poeira no vento Poeira no vento, todas as coisas são poeira no vento Traduçao da musica - dust in the wind
E as cervejas... Essa adoravel sedutora de gosto amargo que tento evitar e não consigo. Bebida da qual me é a única amiga para as horas em que estou insalubre com a minha vida. Tentei, como tentei deixar esse deleite, mas como poderia ser possível ignorar a única coisa que me faz aceitar os fracassos, angustias e minhas dores, mesmo que seja por momentos, simples momentos, como se ela fosse a única fuga, a única solução, a única dose de ilusão, da falsa fantasia, diante de minhas tristes verdades, das únicas verdades. Os monstros que acompanham-me quando estou embriagado estão a espreita esperando meu único vacilo, eles me acompanham, me amedrontam e me atordoam, mas sigo mesmo assim, tentando vez ou outra tomar as rédeas dos meus caminhos, sem me preocupar com tudo que eles me fazem, mas só quando estou sóbrio. AUTOR: JB
Ando pelo mundo e não consigo deixar de ter a impressão de que sou um peixe fora d água. Vejo todas essas pessoas andando para cima e para baixo, buscando, querendo, sonhando e esperando coisas que não me motiva. Vejo todas essas pessoas que parecem saber exatamente o que são e o que querem, e eu, totalmente apático, sem graça, sem rumo, sem esperança na minha e na vida das outras pessoas. Ando olhando o mundo e não consigo ser tal qual os meus semelhantes, como se eu não tivesse a capacidade de me socializar, de me incorporar e aceitar meu próprio estado de espécie aborrecida, busquei e me perdi em filosofias...há filosofias vãs, inúteis e amargurantes filosofias, quem me dera não mais questionar e apenas entender... Está no meio de todos e me sentir tal qual como eles! AUTOR: JB