Estive durante muito tempo doente.
Um amigo me perguntou, pq não vou beber no “BAR DA BOA”.
Não respondi naquele momento pois ainda estava doente. Mas hoje, me
parece que as coisas me são apresentadas de forma transparente, como se eu
tivesse visto a verdade atrás do palco.
Então eu posso responder agora.
Eu não vou no “BAR DA BOA” porque lá tem banheiros limpos,
lá a cerveja é sempre gelada, lá o tira gosto é bom, lá existem pessoas
bonitas, bem vestidas, sendo atendidas por garçons que estão sempre em pronto
atendimento.
Eu não vou no “BAR DA BOA” porque eu sou da rua, vim do
gueto, bebo em distribuidores de bebidas, bebo na marquise onde não tem
banheiro, onde o churrasco nem sempre é o do dia, onde a cerveja é aquela que
nem sempre está gelada, mas ambiente. Não me interesso em pessoas bem vestidas,
bonitas, sou bukowskiano, tento achar uma beleza no sorriso, nas pernas
bem torneadas, nos olhos vermelhos de
bebida das mulheres.
Não me interessa as pessoas bem sucedidas, não me interessa
as pessoas de boa índole, aquelas que não bebem na segunda, ou terça, ou
quarta... não me interessa as boas práticas nem tão pouco a moral que moldou a “estrutura
religiosa do pensamento”.
Não me interessa o hábito de boa saúde, o “para viver bem”, ou o “para ter uma boa
velhice”, como se isso fosse parâmetro para uma vida boa. Não participo de
grupos, de roda de amigos, não me interessa isso. Gosto de viver minha vida
sozinho, bebo sozinho, estou bem sozinho.
Sou da rua, sou do gueto, é por isso que não vou e não
frequento bares deste tipo.
Estive durante um bom tempo doente, mas me sinto hoje, forte
como deveria ter sido sempre.